Registro Completo |
Biblioteca(s): |
Embrapa Semiárido. |
Data corrente: |
28/10/2011 |
Data da última atualização: |
30/06/2025 |
Autoria: |
D'UTRA, G. R. P. |
Afiliação: |
GUSTAVO R. P. DUTRA, INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. |
Título: |
Canhamo brasileiro (Hibiscus ferox Hooker var.). |
Ano de publicação: |
1905 |
Fonte/Imprenta: |
São Paulo: Secretaria da Agricultura, Commercio e Obras Publicas, 1905. |
Páginas: |
31 p. |
Descrição Física: |
il. |
Idioma: |
Português |
Notas: |
Publicado no período presidencial do Dr Jorge Tibiriçá Piratininga, sendo Secretario de Agricultura Dr. Carlos Botelho. |
Conteúdo: |
Em Maio p. p., o sr. dr. Secretario da Agricultura, tendo conhecimento de que na estação do Rodeio (Estrada de Ferro Central do Brasil) está sendo cultivada uma nova fibra pelo sr. dr. Victorio Perini, - fibra á que denominaram «Canhamo Brasileiro» e que neste momento chama a attenção dos in- dustriaes e agricultores, recommendou-me visitasse aquella localidade, afim de lhe relatar o que a tal respeito se me offe- recesse de interessante. Atarefado na occasião com trabalhos que não podiam ser interrompidos, só algum tempo depois segui para o Ro- deio, levando em minha companhia o sr. Haraldo Santos, photographo do Instituto. Já então havia eu recebido, em resposta, duas cartas do dr. Victorio Antonio de Perini , que, com solicitude, se promptificára a receber-me em sua fazenda, aonde cheguei em a madrugada de 6 de Julho, tendo partido de S. Paulo no dia 5, voltando a Campinas no dia 7. No Rodeio fui, de facto, gentilmente recebido pelo dr. V. Perini , que, a despeito da chuva que incessantemente caía, conduziu-me ás suas diversas culturas e especialmente ás pequenas plantações do canhamo brasileiro, que estava já todo maduro e sem flôres, tendo sido conservado no campo para a colheita de sementes, com que o dr. Perini deseja dar á sua exploração maior amplitude, mesmo ali, onde não 4 • ha solo plano em grande extensão, occupando as plantações existentes as baixas, mais ou menos humidas e silicosas , dos valles e das depressões das montanhas elevadas, que acci- dentam a região. Ahi me foi dado examinar a planta em questão, assim como as hastes já cortadas e extendidas no terreiro assis- tindo ao córte e ao seu transporte em padiolas. ' Examinei tambem as fibras de diversas qualidades, se- gundo a edade em que haviam sido cortadas as hastes , de que foram extrahidas por maceração n'agua, e que tinham de lIDa 4ID,5 de comprimento. Ali foram tiradas as vistas que illustram este pequeno relatorio, que é, antes, uma noticia prévia, por isso que vou cultivar o canhamo brasileiro com a pequena quantidade de sementes que pude obter e, logo que esteja concluido o estudo, no campo e no laboratorio, terei de apresentar- vos minucioso e completo relato rio, dando ao assumpto o desen- volvimento que fôr necessario para realçar a importancia que porventura tenha a fibra, que, aliás, me parece excel- lente, e que, examinada ao microscopio, mostrou-se com um comprimento de 3 -t.; tendo de largura O mim 0,132. As plantas, em geral, estavam pendidas ou cahidas umas sobre as outras e não poucas prostradas no solo impregnado de excessiva humidade, que lhes deve comprometter as fibras' . ' e, para evitar esse resultado, o dr. V. de Perini lançou mão do recurso de circumdar cada área plantada de varas de bambú sustentadas por estacas da mesma graminea. Pelo que, para as photographar, tive de escolher os p.ontos onde inda havia hastes erectas. Tambem, por terem sido plantadas ou semeadas muito junto, para obtenção de fibras mais delicadas, as plantas apresentavam hastes de fra- cas dimensões na base e, como eram longas de 3 e mais de 4 metros, não podiam se conservar em posição vertical e . , ' aSSIm e que ellas apparecem nas photographias. Como ficou dicto ácima, já não havia flõres ; mas, tanto que examinei as primeiras, com difficuldade encontradas , 5 facil me foi reconhecer que se tratava de uma Malvacea do genero Hibiscus, antes do que dos generos Pavonia .Mo- diola ou Malachra, tanto mais quanto, de caminho, já 'havia eu examinado, no terreiro, as capsulas, frescas e sêccas, que são quinqueloculares, encerrando cada loja 2-3-4 sementes perfeitas, além de outras abortadas. Pela leitura, antes feita, de um artigo inserto no «Jor- ~al dos Agricultores», n." 9, da 15 de Maio ~ sob o titulo - «Nova planta textil s - e subepigraphe - Pavonia Perinii - acreditei então que se tratava, realmente, de uma Pavonia. Mais tarde, o dr. V. A. Perini brindou - me com um exemplar do opusculo intitulado «Ganhamo Brasiliensis Pe- rini» ou «Linho Brasileiro», contendo uma «Noticia do cultivo da planta e de sua applicação ás indústrias texteis e á da fabricação do papel », opusculo que consiste em um excerpto de outra publicação, segundo se deprehende das declarações do snr. John Knight, que foi quem deu á es- tampa o referido folheto, e que faz parte da firma commer- cial de Knight Harrison & Co., do Rio de Janeiro. Nessa publicação, ilIustrada com diversas photogravuras. encontrei ás paginas 3. e 4 estes dois periodos, um em se- guida ao outro: «O Canhamo Brasileiro Perini» é uma planta recente- mente descoberta pelo dr. V. A. Perini na zona septentrional do Estado de Minas-Geraes em terras situadas cerca de 1000 metros ácima do nivel do mar. A referida planta não vem mencionada em nenhum livro de botanica, nacional ou ex- trangeiro, nem tão pouco é conhecida pelos habitantes do lagar em que foi descoberta.» «A Escola de Minas de Ouro Preto não a pôde classi- ficar, o mesmo se dando com o Museo Nacional do Rio de Janeiro; e o dr. Barbosa Rodrigues, director do Jardim Bo- tanico do Rio, simplesmente deu a sua opinião sobre ella, declarando que, a seu ver, parecia-lhe pertencer á família das Malvaceas e ao genero Paconia, mas que a sua especie 6 lhe era completamente desconhecidâ. Em vista disto, e sendo essa planta ató agóra completamente desconhecida, o dr. Pe- rini, após tel-a cuidadosamente estudado e analysado, resol- veu dar-lhe a denominação de «Ganhamo Brasiliensis Pe- riru », Entretanto, além da differença de caracteres botanicos, não se encontra entre as especies brasileiras do genero Pa- oonia, de Oavanilles, em numero de 54 (havendo ainda 4 de séde incerta) uma só com que se possa identificar o «Canhamo Perini». Quanto ao genero Hibiscus, de Endlicher, as especies brasileiras são 30, além de 6 de séde duvidosa, e todas ,i- vem na parte oriental, composta dos Estados que ficam entre o Rio S. Francísco, ao Norte, e o Iguape, ao Sul, taes como Sergipe, Bahia, todo o Espírito Santo e Rio de Janeiro, Mi- nas-Geraes, a Léste, e S. Paulo, mas sómente nas zonas SE. e maritima. Tem-se dado á planta em questão o nome de Pavonia brasiliensis; mas, a meu ver, não se trata de uma Pavonia, e, quando assim fosse, esse nome não poderia prevalecer, por isso que já existe a Pavonia Brasiiiensis, de Linneu, que é, aliás, o mesmo Hibiscus Brasiliensis de Sprengel, planta que, ao que parece, nada tem que ver com a nossa. Oomo ficou dicto ácima, logo que me foi dado exami- nar as folhas profundamente partidas e quinquelobadas, a flôr e, sobretudo, a capsula do canhamo Perini, exame ainda uma vez detidamente feito sobre o material trazidó , para estudo, do Rodeio, julguei dever repellir a idéa de perten- cer a referida planta áquelle, subordinando-a immediatamente ao genero Hibiscus, ao qual, ainda depois de demorado es- tudo de confronto entre os caracteres dos dois generos e das especies de um e outro, não me parece du vidoso per- tencer o vegetal em questão . .As Malvaceas do genero Pavonia, posto que guardem com as do genero Hibiscus muita semelhança, sobretudo em certas especies ou variedades, são hervas ou arbustos de 7 folhas inteiras, ás vezes angulosas e, mais raramente, Ioba- das, não sendo nunca mui profundamente partidas, ou 10- badas, ou palmatifidas, de flôres pedunculadas e mais fre- quentemente reunidas em capitulas no vértice das hastes; e de ovário quinquelocular, contendo cada loja uma unica semente; ao passo que as do genero Hibiscus, em geral arbusti vas, podendo apresentar folhas inteiras e, não raro, 3-5-7 lobadas, podem estas ser profundamente partidas ou cortadas até á base, encontrando-se, na mesma planta, folhas de todas essas fórmas. E' curioso notar-se que as folhas maiores, quando muito recortadas, occupam, quasi sempre, as partes elevadas da planta (que é mais lenhosa na base), havendo constantemente duas estipulas lateraes; as flôres dispõem-se, geralmente solitarias, nas axillas das folhas su- periores, sendo ás vezes longamente pedunculadas, de co- rolla especiosa, simples ou dobrada; o calice é quinquefido ou quinquedentado, sendo o ovário séssil, quinquelocular, tendo cada loja, geralmente, 2-3 sementes pelo menos, e a oapsula, subglobosa, loculicida, quinquevalvar, dehiscente. Oomo quer que seja, o «Oanhamo Porini» não tem, nas especies descriptas em numero de 36 Hibiscus, uma unica a que possam quadrar todos os seus caracteres; en- tretanto, elle pode talvez ser considerado uma variedade nova da especie Hibiscus [erox Hooker, podendo-se-lhe dar o nome de Hibiscus Perinii, em homenagem ao seu primeiro des- cobridor e actual cultivador em Rodeio, se assim foi. Oomo, a meu ver, se trata de uma fórma ou variedade nova, passarei a descreve-la, dando a sua diagnose em latim, como é de praxe em taes casos, e ajuntando, em seguida, a versão para o portuguez. MenosEm Maio p. p., o sr. dr. Secretario da Agricultura, tendo conhecimento de que na estação do Rodeio (Estrada de Ferro Central do Brasil) está sendo cultivada uma nova fibra pelo sr. dr. Victorio Perini, - fibra á que denominaram «Canhamo Brasileiro» e que neste momento chama a attenção dos in- dustriaes e agricultores, recommendou-me visitasse aquella localidade, afim de lhe relatar o que a tal respeito se me offe- recesse de interessante. Atarefado na occasião com trabalhos que não podiam ser interrompidos, só algum tempo depois segui para o Ro- deio, levando em minha companhia o sr. Haraldo Santos, photographo do Instituto. Já então havia eu recebido, em resposta, duas cartas do dr. Victorio Antonio de Perini , que, com solicitude, se promptificára a receber-me em sua fazenda, aonde cheguei em a madrugada de 6 de Julho, tendo partido de S. Paulo no dia 5, voltando a Campinas no dia 7. No Rodeio fui, de facto, gentilmente recebido pelo dr. V. Perini , que, a despeito da chuva que incessantemente caía, conduziu-me ás suas diversas culturas e especialmente ás pequenas plantações do canhamo brasileiro, que estava já todo maduro e sem flôres, tendo sido conservado no campo para a colheita de sementes, com que o dr. Perini deseja dar á sua exploração maior amplitude, mesmo ali, onde não 4 • ha solo plano em grande extensão, occupando as plantações existentes as baixas, mais ou menos humidas e silicosas , dos valles e das depressões das montanhas elevadas, que acci- dentam a regiã... Mostrar Tudo |
Palavras-Chave: |
Canhamo brasiliense; Hibiscus ferox Hooker var; Hibiscus Periniin. |
Thesagro: |
Cânhamo; Malvaceae; Sistema de Cultivo. |
Thesaurus Nal: |
Hibiscus. |
Categoria do assunto: |
A Sistemas de Cultivo |
Marc: |
LEADER 09680nam a2200217 a 4500 001 1904388 005 2025-06-30 008 1905 bl uuuu u00u1 u #d 100 1 $aD'UTRA, G. R. P. 245 $aCanhamo brasileiro (Hibiscus ferox Hooker var.). 260 $aSão Paulo: Secretaria da Agricultura, Commercio e Obras Publicas$c1905 300 $a31 p.$cil. 500 $aPublicado no período presidencial do Dr Jorge Tibiriçá Piratininga, sendo Secretario de Agricultura Dr. Carlos Botelho. 520 $aEm Maio p. p., o sr. dr. Secretario da Agricultura, tendo conhecimento de que na estação do Rodeio (Estrada de Ferro Central do Brasil) está sendo cultivada uma nova fibra pelo sr. dr. Victorio Perini, - fibra á que denominaram «Canhamo Brasileiro» e que neste momento chama a attenção dos in- dustriaes e agricultores, recommendou-me visitasse aquella localidade, afim de lhe relatar o que a tal respeito se me offe- recesse de interessante. Atarefado na occasião com trabalhos que não podiam ser interrompidos, só algum tempo depois segui para o Ro- deio, levando em minha companhia o sr. Haraldo Santos, photographo do Instituto. Já então havia eu recebido, em resposta, duas cartas do dr. Victorio Antonio de Perini , que, com solicitude, se promptificára a receber-me em sua fazenda, aonde cheguei em a madrugada de 6 de Julho, tendo partido de S. Paulo no dia 5, voltando a Campinas no dia 7. No Rodeio fui, de facto, gentilmente recebido pelo dr. V. Perini , que, a despeito da chuva que incessantemente caía, conduziu-me ás suas diversas culturas e especialmente ás pequenas plantações do canhamo brasileiro, que estava já todo maduro e sem flôres, tendo sido conservado no campo para a colheita de sementes, com que o dr. Perini deseja dar á sua exploração maior amplitude, mesmo ali, onde não 4 • ha solo plano em grande extensão, occupando as plantações existentes as baixas, mais ou menos humidas e silicosas , dos valles e das depressões das montanhas elevadas, que acci- dentam a região. Ahi me foi dado examinar a planta em questão, assim como as hastes já cortadas e extendidas no terreiro assis- tindo ao córte e ao seu transporte em padiolas. ' Examinei tambem as fibras de diversas qualidades, se- gundo a edade em que haviam sido cortadas as hastes , de que foram extrahidas por maceração n'agua, e que tinham de lIDa 4ID,5 de comprimento. Ali foram tiradas as vistas que illustram este pequeno relatorio, que é, antes, uma noticia prévia, por isso que vou cultivar o canhamo brasileiro com a pequena quantidade de sementes que pude obter e, logo que esteja concluido o estudo, no campo e no laboratorio, terei de apresentar- vos minucioso e completo relato rio, dando ao assumpto o desen- volvimento que fôr necessario para realçar a importancia que porventura tenha a fibra, que, aliás, me parece excel- lente, e que, examinada ao microscopio, mostrou-se com um comprimento de 3 -t.; tendo de largura O mim 0,132. As plantas, em geral, estavam pendidas ou cahidas umas sobre as outras e não poucas prostradas no solo impregnado de excessiva humidade, que lhes deve comprometter as fibras' . ' e, para evitar esse resultado, o dr. V. de Perini lançou mão do recurso de circumdar cada área plantada de varas de bambú sustentadas por estacas da mesma graminea. Pelo que, para as photographar, tive de escolher os p.ontos onde inda havia hastes erectas. Tambem, por terem sido plantadas ou semeadas muito junto, para obtenção de fibras mais delicadas, as plantas apresentavam hastes de fra- cas dimensões na base e, como eram longas de 3 e mais de 4 metros, não podiam se conservar em posição vertical e . , ' aSSIm e que ellas apparecem nas photographias. Como ficou dicto ácima, já não havia flõres ; mas, tanto que examinei as primeiras, com difficuldade encontradas , 5 facil me foi reconhecer que se tratava de uma Malvacea do genero Hibiscus, antes do que dos generos Pavonia .Mo- diola ou Malachra, tanto mais quanto, de caminho, já 'havia eu examinado, no terreiro, as capsulas, frescas e sêccas, que são quinqueloculares, encerrando cada loja 2-3-4 sementes perfeitas, além de outras abortadas. Pela leitura, antes feita, de um artigo inserto no «Jor- ~al dos Agricultores», n." 9, da 15 de Maio ~ sob o titulo - «Nova planta textil s - e subepigraphe - Pavonia Perinii - acreditei então que se tratava, realmente, de uma Pavonia. Mais tarde, o dr. V. A. Perini brindou - me com um exemplar do opusculo intitulado «Ganhamo Brasiliensis Pe- rini» ou «Linho Brasileiro», contendo uma «Noticia do cultivo da planta e de sua applicação ás indústrias texteis e á da fabricação do papel », opusculo que consiste em um excerpto de outra publicação, segundo se deprehende das declarações do snr. John Knight, que foi quem deu á es- tampa o referido folheto, e que faz parte da firma commer- cial de Knight Harrison & Co., do Rio de Janeiro. Nessa publicação, ilIustrada com diversas photogravuras. encontrei ás paginas 3. e 4 estes dois periodos, um em se- guida ao outro: «O Canhamo Brasileiro Perini» é uma planta recente- mente descoberta pelo dr. V. A. Perini na zona septentrional do Estado de Minas-Geraes em terras situadas cerca de 1000 metros ácima do nivel do mar. A referida planta não vem mencionada em nenhum livro de botanica, nacional ou ex- trangeiro, nem tão pouco é conhecida pelos habitantes do lagar em que foi descoberta.» «A Escola de Minas de Ouro Preto não a pôde classi- ficar, o mesmo se dando com o Museo Nacional do Rio de Janeiro; e o dr. Barbosa Rodrigues, director do Jardim Bo- tanico do Rio, simplesmente deu a sua opinião sobre ella, declarando que, a seu ver, parecia-lhe pertencer á família das Malvaceas e ao genero Paconia, mas que a sua especie 6 lhe era completamente desconhecidâ. Em vista disto, e sendo essa planta ató agóra completamente desconhecida, o dr. Pe- rini, após tel-a cuidadosamente estudado e analysado, resol- veu dar-lhe a denominação de «Ganhamo Brasiliensis Pe- riru », Entretanto, além da differença de caracteres botanicos, não se encontra entre as especies brasileiras do genero Pa- oonia, de Oavanilles, em numero de 54 (havendo ainda 4 de séde incerta) uma só com que se possa identificar o «Canhamo Perini». Quanto ao genero Hibiscus, de Endlicher, as especies brasileiras são 30, além de 6 de séde duvidosa, e todas ,i- vem na parte oriental, composta dos Estados que ficam entre o Rio S. Francísco, ao Norte, e o Iguape, ao Sul, taes como Sergipe, Bahia, todo o Espírito Santo e Rio de Janeiro, Mi- nas-Geraes, a Léste, e S. Paulo, mas sómente nas zonas SE. e maritima. Tem-se dado á planta em questão o nome de Pavonia brasiliensis; mas, a meu ver, não se trata de uma Pavonia, e, quando assim fosse, esse nome não poderia prevalecer, por isso que já existe a Pavonia Brasiiiensis, de Linneu, que é, aliás, o mesmo Hibiscus Brasiliensis de Sprengel, planta que, ao que parece, nada tem que ver com a nossa. Oomo ficou dicto ácima, logo que me foi dado exami- nar as folhas profundamente partidas e quinquelobadas, a flôr e, sobretudo, a capsula do canhamo Perini, exame ainda uma vez detidamente feito sobre o material trazidó , para estudo, do Rodeio, julguei dever repellir a idéa de perten- cer a referida planta áquelle, subordinando-a immediatamente ao genero Hibiscus, ao qual, ainda depois de demorado es- tudo de confronto entre os caracteres dos dois generos e das especies de um e outro, não me parece du vidoso per- tencer o vegetal em questão . .As Malvaceas do genero Pavonia, posto que guardem com as do genero Hibiscus muita semelhança, sobretudo em certas especies ou variedades, são hervas ou arbustos de 7 folhas inteiras, ás vezes angulosas e, mais raramente, Ioba- das, não sendo nunca mui profundamente partidas, ou 10- badas, ou palmatifidas, de flôres pedunculadas e mais fre- quentemente reunidas em capitulas no vértice das hastes; e de ovário quinquelocular, contendo cada loja uma unica semente; ao passo que as do genero Hibiscus, em geral arbusti vas, podendo apresentar folhas inteiras e, não raro, 3-5-7 lobadas, podem estas ser profundamente partidas ou cortadas até á base, encontrando-se, na mesma planta, folhas de todas essas fórmas. E' curioso notar-se que as folhas maiores, quando muito recortadas, occupam, quasi sempre, as partes elevadas da planta (que é mais lenhosa na base), havendo constantemente duas estipulas lateraes; as flôres dispõem-se, geralmente solitarias, nas axillas das folhas su- periores, sendo ás vezes longamente pedunculadas, de co- rolla especiosa, simples ou dobrada; o calice é quinquefido ou quinquedentado, sendo o ovário séssil, quinquelocular, tendo cada loja, geralmente, 2-3 sementes pelo menos, e a oapsula, subglobosa, loculicida, quinquevalvar, dehiscente. Oomo quer que seja, o «Oanhamo Porini» não tem, nas especies descriptas em numero de 36 Hibiscus, uma unica a que possam quadrar todos os seus caracteres; en- tretanto, elle pode talvez ser considerado uma variedade nova da especie Hibiscus [erox Hooker, podendo-se-lhe dar o nome de Hibiscus Perinii, em homenagem ao seu primeiro des- cobridor e actual cultivador em Rodeio, se assim foi. Oomo, a meu ver, se trata de uma fórma ou variedade nova, passarei a descreve-la, dando a sua diagnose em latim, como é de praxe em taes casos, e ajuntando, em seguida, a versão para o portuguez. 650 $aHibiscus 650 $aCânhamo 650 $aMalvaceae 650 $aSistema de Cultivo 653 $aCanhamo brasiliense 653 $aHibiscus ferox Hooker var 653 $aHibiscus Periniin
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