11195nam a2200242 a 4500001000800000005001100008008004100019100002000060245010700080260001500187500028400202520102780048665000261076465000121079065000261080265000201082865000141084865000101086265300171087265300171088965300331090665300131093920992892019-03-13 2011 bl uuuu m 00u1 u #d1 aNIEDERLE, P. A. aCompromissos para a qualidadebprojetos de indicação geográfica para vinhos no Brasil e na França. a2011c2011 aTese (Doutorado em Ciências Sociais). Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRRJ), Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS/DDAS), Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA), Rio de Janeiro, Jan. 2011. APROVALE aRESUMO: As Indicações Geográficas (IGs) constituem um instrumento de valorização de bens crescentemente utilizado em todo mundo. Pauta recorrente das negociações de comércio internacional, a regulamentação das IGs é um dos temas mais proeminentes nas discussões referentes á organização do sistema agroalimentar, sobretudo porque envolve questões como direito de propriedade intelectual e acesso a mercados Contrapondo-se a um processo de homogeinização da produção e do consumo alimentar, as IGs procuram valorizar a diversidade e a singularidade de produtos enraizados em territórios específicos, ressaltando os bens imateriais a eles associados (saber-fazer, tradição, costumes, práticas de produção etc.). Não obstante, trata-se de uma noção genérica que faz sentido para diferentes contextos e atores sociais, inclusive para aqueles que estão fora do território. Em cada projeto de indicação geográfica conforma-se uma rede sociotécnica heterogênea, onde concepções de qualidade são negociadas e diferentes valores entram em conflito. A institucionalização de normas e padrões de produção que permitem aos atores transacionar é o resultado deste processo de negociação em que compromissos entre valores heteróclitos são constituídos. No mundo dos vinhos, as indicações geográficas foram, por muito tempo, um conceito que se associava, quase exclusivamente, a um modelo de produção assentado na valorização de terroirs distintos, na institucionalização da raridade e em métodos tradicionais de viticultura e vinificação. No entanto, as transformações em curso no mercado mundiais associadas á entrada em cena de novos atores e convenções qualitativas começaram a transfigurar a vida dos terroirs e o próprio conceito de indicação geográfica. Sua adaptação a novos contextos tem revelado como este mecanismo pode ser moldado a finalidades diversas. Nesta tese, evidenciamos que o desenvolvimento recente deste instrumento de qualificação no setor vitivinícola exprime um duplo processo de institucionalização. Por um lado, as IGs incitam à valorização dos territórios e de suas identidades e, em alguns casos, criam barreiras às inovações que colocam em risco a tipicidade dos produtos. Por outro, assiste-se a um processo de apropriação setorial por meio do qual elas são ajustadas de modo a servir como um catalisador de inovações técnicas e organizacionais consideradas necessárias para os produtores reagirem ás transformações em curso nos mercados. Assim, dentro de um contexto de hibridização de estratégias competitivas no mundo dos vinhos, os projetos passam a conciliar modelos conceituais até recentemente antagônicos. Para que isso se viabilize, mais do que conciliar tradição e inovação, as IGs estão criando novos compromissos entre princípios valorativos (concepções de qualidade), os quais se materializam em uma série de mudanças nas práticas produtivas que envolvem desde a escolha de variedades de uva até a definição dos métodos de vinificação. A pesquisa envolveu sete projetos distintos de IG, no Brasil (Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul, Farroupilha, Garibadi) e na França (Beaujolais, Languedoc), através de entrevistas semiestruturadas, observação e análise documental. SUMÁRIO: INTRODUÇÃO 18 Qualidade: um debate 22 Seguindo os atores 27 O fio de Ariadne 34 CAPÍTULO 1 38 O NOVO ESPÍRITO DO MUNDO DOS VINHOS 38 1.1 O estudo da crise 39 1.2 O mundo dos vinhos: rumo a uma economia pós-global 41 1.3 O lugar das Indicações Geográficas no mundo dos vinhos 46 1.4 O segmento vitivinícola brasileiro 51 1.5 Uma breve contextualização histórica 57 CAPÍTULO 2 66 A qualidade como processo de qualificação 66 2.1 Economia da qualidade: um aporte convencionalista 67 2.2 O lugar da qualidade na teoria econômica 68 2.3 A entrada sociológica 72 2.4 O modelo de cités 76 2.5 As reações à teoria convencionalista 81 2.6 Qualificando o enraizamento da ação econômica 85 2.7 Das instituições às interações 90 2.8 Convenções, qualidade e qualificação: uma síntese preliminar 94 CAPÍTULO 3 96 As Indicações Geográficas como dispositivos convencionais híbridos 96 3.1 Uma primeira aproximação conceitual 97 3.2 Uma abordagem interdisciplinar 98 3.3 Inovação, itinerários sociotécnicos e irreversibilidade 100 3.4 Estabilidade, crítica e mudança 102 3.5 As IGs como o resultado de diferentes compromissos convencionais 105 3.6 Princípios de justificação em conflito nos projetos de IG 109 CAPÍTULO 4 116 Construindo notoriedade no mundo dos vinhos 116 4.1 Do Vale Aurora ao Vale dos Vinhedos 117 4.2 Os novos projetos de IG na vitivinicultura brasileira 127 4.3 Uma perspectiva evolucionista? 130 4.4 A delimitação da área geográfica 136 4.5 Construindo reputação no mundo dos vinhos 144 4.6 Languedoc: um desafio de reestruturação organizacional 153 CAPÍTULO 5 163 Estratégias de qualificação no segmento vitivinícola 163 5.1 Os espumantes de Garibaldi em busca de qualificação 164 5.2 Um desvio de rota? Marca coletiva para os Vinhos de Altitude 175 5.3 Qualidade, diferenciação e origem no segmento de vinhos de mesa 180 CAPÍTULO 6 190 Tipicidade, tecnologia e inovação 190 6.1 Indicações geográficas e tipicidade 191 6.2 A escolha das cultivares para DO Vale dos Vinhedos 192 6.3 Beaujolais: uva, paisagem e inovação 197 6.4 Qualidade da uva, chaptalização e utilização do carvalho 206 6.5 Uma justificação ecológica nos projetos de IG? 215 Reatando o nó górdio 223 Referências 233 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Percepções cientificas da qualidade.......................................................26 FIGURA 2: Tipos de indicação geográfica de acordo com a legislação brasileira em vigor...............................................................................................................................27 FIGURA 3: Guia Parker á disposição dos consumidores em supermercado francês...........................................................................................................................44 FIGURA 4: Vinho produzido nos EUA com menção á denominação ?Champagne?................................................................................................................49 FIGURA 5: Regiões brasileiras produtoras de vinho e evolução da produção vitícola no estado do Rio Grande Do Sul entre 1995 e 2007....................................52 FIGURA 6: Área ocupada pelas principais cultivares de uva plantada no RS em 2007................................................................................................................................53 FIGURA 7: Evolução da área plantada com Vitis Viníferas entre 1995 e 2007.......54 FIGURA 8: Volume comercializado (litros) de vinhos finos no mercado brasileiro segundo a procedência entre 2002 e 2010.......................................,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,..54 FIGURA 9: Microrregião da serra gaúcha com destaque para os municípios onde são desenvolvidos projetos de IG e o Vale dos Vinhedos.......................................62 FIGURA 10: Pluralismo vertical na economia das convenções...............................89 FIGURA 11: A estabilidade dinâmica de um dispositivo convencional.................103 FIGURA 12: Dispositivo de indicação geográfica, mudas de justificação, instrumentos de verificação da qualidade (gerais e específicos ao segmento vinícola).......................................................................................................................108 FIGURA 13: ? Selos? utilizados pelas indicações de procedência Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Paraty e Pampa Gaúcho da Campanha Meridional....122 FIGURA 14: Selo de controle da IPVV junto á capsula da garrafa (a) e rótulo com menção ao Vale Vinhedos...........................................................................................123 FIGURA 15: Logotipos utilizados em documentos da Aprovale em 1997, 2000 e 2007................................................................................................................................125 FIGURA 16: Rede de organização nos projetos de IG para vinhos na Serra Gaúcha...........................................................................................................130 FIGURA 17: Fatores que influenciam a qualidade e a tipicidade do vinho..................................................................................................................................141 FIGURA 18: Marca Vinhos de Montanha, registrada em nome da ASPROVINHO....142 FIGURA 19: Localização das AOCs da região de Beaujolais.........................................................................................................................145 FIGURA 20: Cartazes promocionais do Beaujolais nouveau (ano 2006, 2008 e 2010)....................................................................................................146 FIGURA 21: Cartazes de promoção dos crus do Beaujolais.........................................................................................................................149 FIGURA 22: Localização da Grande Bourgogne.......................................................................................................................151 FIGURA 23: AOCs da região do Languedoc-Roussillon.............................................156 FIGURA 24: O sistema europeu de DOP e IGP.............................................................159 FIGURA 25: rótulo de vinho IGP Pays d? Oc..................................................................160 FIGURA 26: Marca coletiva do CPEG.............................................................................171 FIGURA 27: Herança genética da uva Goethe..............................................................181 FIGURA 28: Mapa da região de Urussanga, Santa Catarina............... aControle de Qualidade aMercado aMercado Internacional aMercado Mundial aQualidade aVinho aAgroalimento aConvenções aIndicação geográfica (IG) aMercados